Nesta terça-feira (10), uma equipe multidisciplinar de pesquisadores realizou uma expedição à Baía da Traição, localizada no litoral paraibano, uma das áreas mais afetadas pelo avanço do mar e pela erosão costeira. A ação faz parte do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) Preamar, uma iniciativa do Ministério Público Federal (MPF) que visa elaborar diagnósticos para embasar soluções sustentáveis para os desafios ambientais da região.
A Baía da Traição enfrenta atualmente um estado de calamidade pública devido à erosão acelerada e ao avanço do mar, o que intensificou a urgência por uma intervenção. A expedição foi a primeira fase de uma análise técnica, com coleta de dados essenciais para o diagnóstico e a formulação de intervenções costeiras, a serem definidas pelo Painel Científico previsto no TAC, que reúne especialistas, órgãos ambientais e gestores municipais.
As atividades da expedição foram organizadas em dois dias: na segunda-feira (9), a equipe discutiu aspectos técnicos da região, e no dia seguinte, foi realizada a visita técnica. Os pesquisadores saíram cedo para aproveitar a maré baixa e realizaram análises tanto terrestres quanto marítimas. Durante o trabalho de campo, foram coletados dados visuais, registros fotográficos e imagens de satélite, além de entrevistas com pescadores e moradores locais para entender o impacto social da erosão e promover a educação ambiental.
A expedição contou com a participação de cerca de 16 profissionais, incluindo os renomados geólogos Rubison Pinheiro Maia, da Universidade Federal do Ceará, e Rodolfo José Angulo, da Universidade Federal do Paraná. A equipe foi liderada pelo professor Cláudio Dybas, coordenador do Programa Estratégico de Estruturas Artificiais Marinhas (Preamar-PB), que supervisiona a fase diagnóstica do TAC.
Embora o diagnóstico completo do Projeto Preamar tenha um prazo estimado de um ano e meio, a expedição já oferece uma resposta emergencial, com dados preliminares que geram expectativas de soluções eficazes. Segundo o procurador da República João Raphael Lima, espera-se que as análises conduzam a recomendações sustentáveis para conter a erosão e proteger a infraestrutura local.
O TAC MPF/PRPB Preamar, assinado em março de 2024 pelos nove municípios costeiros do litoral paraibano, busca integrar ciência e gestão pública no enfrentamento da erosão. A iniciativa, premiada no XII Prêmio República pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), é um modelo de boa prática, que incentiva a colaboração entre universidades, gestores públicos e a comunidade local. “Essa ação exemplifica como a ciência pode ser aplicada de maneira prática para resolver problemas ambientais urgentes, com um impacto direto na qualidade de vida das populações costeiras”, destacou João Raphael Lima.
Foto: TV Cabo Branco / Reprodução

