
Na última sexta-feira (21), a Paraíba alcançou um marco importante na medicina pública: um adolescente de 14 anos, natural do município de Santana dos Garrotes (Sertão paraibano), recebeu o primeiro transplante cardíaco pediátrico da rede estadual. O procedimento foi realizado no Hospital Metropolitano Dom José Maria Pires, unidade gerida pela PB Saúde, em Santa Rita.
O jovem paciente vinha sendo acompanhado desde os 13 anos por apresentar displasia arritmogênica do ventrículo direito, uma doença genética que causa infiltração de gordura no músculo cardíaco, provocando arritmias graves e risco de insuficiência cardíaca. No ano anterior, ele já havia recebido um cardiodesfibrilador devido às arritmias, mas a equipe médica já projetava, desde então, a necessidade de um transplante.
Diante da urgência, o transporte do paciente até João Pessoa foi realizado na quarta-feira (20) pelo Grupo de Resgate Aeromédico da Paraíba (Grame), utilizando uma aeronave do Corpo de Bombeiros. No dia seguinte, a captação do órgão ocorreu no Hospital de Trauma de Campina Grande, o doador tinha 30 anos, e o coração foi levado para a capital via helicóptero do Grupamento Tático Aéreo (GTA) da Polícia Militar. A operação marcou a primeira ação dessa parceria entre a Secretaria de Saúde e a Secretaria de Segurança do Estado no transporte de órgãos.
Segundo Roberta Barreto, cardiologista da equipe de transplantes do Metropolitano, a complexidade do caso exigia atenção especializada: “quando o músculo cardíaco é substituído por gordura, muitas vezes o transplante torna-se a única alternativa”.
Do ponto de vista institucional, a diretora de Atenção à Saúde da PB Saúde, Ilara Nóbrega, considerou o feito histórico. Para ela, realizar esse tipo de transplante por meio do SUS reforça o compromisso do governo estadual com a saúde pública de alta complexidade. Além disso, o Hospital Metropolitano, já referência em transplantes cardíacos para adultos, agora amplia sua atuação para pacientes pediátricos.
A coordenadora da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos do Metropolitano, Patrícia Monteiro, destacou o valor social da doação: em momentos de dor, famílias têm escolhido salvar vidas.
O jovem doador não apenas salvou uma vida, além do coração, também foram doados rins, fígado e córneas, beneficiando outros pacientes na Paraíba e em estados como Pernambuco e Bahia.
Segundo dados da Central Estadual de Transplantes, todo o processo, desde a inscrição na lista até a cirurgia levou menos de 30 dias, em parte graças à zeragem da fila de espera registrada ainda no final de setembro. Para o diretor-superintendente da PB Saúde, Jhony Bezerra, esse avanço simboliza não apenas um salto técnico, mas também uma renovação de esperança para o adolescente e sua família.
