A Polícia Federal (PF) e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) estão aprofundando as investigações da Operação ‘En Passant’, que visa desmantelar um esquema de corrupção eleitoral e aliciamento violento de eleitores em Cabedelo, na Paraíba. A operação ganhou novo impulso após a prisão de Flávia Monteiro, ex-servidora do município, na segunda fase das investigações.
Descobertas Cruciais
A investigação teve início após a análise do celular de Flávia Monteiro, onde foram encontrados comprovantes de votação e transações financeiras via PIX que indicam a prática de compra de votos. Esses indícios foram determinantes para o pedido de prisão, que foi acatado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Fontes ligadas à investigação confirmaram que Flávia é um elo entre a facção criminosa liderada por ‘Fatoka’ e o poder público municipal.
Além disso, durante a primeira fase da operação, foram apreendidas listas com nomes de pessoas ligadas à administração municipal, algumas das quais apresentavam a sigla “FTK”, uma referência ao traficante Flávio de Lima Monteiro. O envolvimento de Flávia com o tráfico e sua possível conexão com uma candidatura da facção ao Legislativo também estão sendo investigados.
Medidas Cautelares e Reações
Na semana passada, a PF e o Gaeco cumpriram mandados de busca e um mandado de prisão contra Flávia Monteiro. As buscas tiveram como alvos figuras proeminentes da política local, incluindo o atual prefeito Victor Hugo (Avante), o prefeito eleito André Coutinho (Avante) e o vereador Márcio Silva (União Brasil). Todos os envolvidos negaram qualquer participação nas práticas ilegais investigadas e afirmaram estar à disposição da Justiça para colaborar com as apurações.
Aliados do prefeito Victor Hugo sustentam que sua gestão não tem ligações com a facção criminosa. Eles alegam que as nomeações na administração municipal foram feitas em resposta a pedidos de vereadores, alguns dos quais estariam ligados a ‘Fatoka’.
Como resultado da segunda fase da operação, o TRE impôs medidas cautelares aos investigados, incluindo proibição de deixar a comarca sem autorização judicial, recolhimento domiciliar e restrições ao contato entre os investigados.
Ameaças e Intimidações
A gravidade das investigações é acentuada por relatos de ameaças feitas pela facção criminosa. Um vereador da cidade denunciou ter sido ameaçado após se recusar a nomear pessoas indicadas por ‘Fatoka’ para seu gabinete na Câmara Municipal. Após essa recusa, membros da facção teriam destruído a casa de familiares do parlamentar e intimidado outros cidadãos, levando alguns a deixar Cabedelo por medo das represálias.
O modelo investigativo observado em Cabedelo apresenta semelhanças com os esquemas desmantelados nas operações Território Livre e Mandare, realizadas em João Pessoa. As investigações revelam um padrão preocupante de corrupção eleitoral associado ao tráfico de drogas na região.
Foto; Divulgação / Governo Federal